sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A fuga do pequeno príncipe - I

E o ano estava acabando, e já aparecia o calor nos apartamentos. Janelas abertas para o fim da primavera, ruas mais alegres, piscinas voltam a se agitar, com as pessoas que ali fogem do calor. Mas diferente do frio, não é possível escapar dele, se cobrindo, se escondendo, é algo mas vivo como a pele ao sol, ainda sim, se não se toma o devido cuidado, esse calor, essa exposição queima, causa câncer, ainda sim, o Verão é uma sensação de liberdade, de prazer, de sentir mais, curtir mais, ser mais.

Ainda sim, toda a mudança deixa algo para trás, bom e ruim. É a troca de ares, de momento, trocamos de pessoa mais rápido do que pensamos. João esta ali, agora mais alegre, como se a perda da fé o libertasse e o deixasse ser mais vivo. Era uma constante inconstância, descreveriam posteriormente, mas afinal, quem não muda com o tempo?

Mas a graça mesmo está nesse tempo sem ter o que fazer, um convite para a malandragem. João, sempre que podia, tentava matar o tédio do apartamento com alguma arte. Ou era cuspindo na cabeça de quem estava no chão, seja chutando a bola pela cozinha da casa vazia, pois maninha estava num passeio escolar, e pai ausente. João não poderia sair do apartamento, mas que martírio, tanto tempo em tão pouco espaço. João é o tipo de garoto que não se prende a televisão e não entende o que atrativo do computador, gosta de viver mais solto, na rua. coisa que ele nunca perdeu.

Queria fazer algo, sair dessa gaiola com TV a cabo, queria poder "arruar", como bem dizia. Queria sair e ir para algum canto da cidade. Mesmo a cidade sendo aquele perigo e ele ja ter sido assaltado antes, mas ali ele tinha medo de perder esse calor, essa energia do verão, preso numa caixinha de um apartamento. Ele iria fugir, mas não sabia como, mas iria...

Continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário